Fake news são questão de saúde pública
Informações falsas têm o potencial de corroer famílias e enfraquecem o tecido social
Desde a posse de Lula, há duas semanas, vários amigos me procuraram para falar sobre familiares de mais de 70 anos de idade apavorados porque esperam um golpe comunista. O mais surpreendente é que, segundo meus amigos, nem todas essas pessoas são apoiadoras de Bolsonaro.
Em um caso, o pai de um amigo afirma ter ouvido do gerente do banco o conselho de não guardar dinheiro na conta corrente porque, supostamente, havia alto risco de o governo Lula efetuar um congelamento bancário. A mãe de outra amiga, uma empresária bem-sucedida de 72 anos, que lê jornal e não adota posições políticas radicais (votou em branco, inclusive), acredita que todo mundo com apartamento maior que 70 metros quadrados será obrigado a dividi-lo com outras pessoas.
Esses amigos expressaram preocupação de que esse tipo de delírio afete o bem-estar de seus pais, como insônia e solidão. ("Encontrar meu pai para almoçar virou uma provação; ele só fala do medo de ser expropriado"). Todas as pessoas idosas em questão estão sendo inundadas por notícias falsas no Whatsapp ou Telegram, diariamente, e a maioria parece imune a argumentos racionais.
Isso, sem dúvida, reflete os efeitos corrosivos que as notícias falsas causam em todos os níveis da sociedade. É importante ter em mente que as notícias falsas têm o potencial não só de radicalizar grupos específicos, como os que invadiram o Congresso, mas também de gerar ansiedade e medo em uma escala gigantesca, afetando toda a sociedade.
É fácil rir desses casos, mas eles causam profundo sofrimento. Alguns dizem que é como se a pessoa que eles conheciam não existisse mais. É difícil não sair dessas conversas com a sensação de que algo está profundamente errado na maneira como abordamos esse problema.
Brazil: The political consequences of Jan 8
The dominant interpretation, even among Bolsonaro allies, is that the attacks of January 8 in Brasília are good news for the Lula government. The president can credibly argue that the alternative to him is pure chaos. Yet 8/1/2023 also created big problems for Lula.
To begin with, while the attacks no doubt leave the opposition is disarray -- it is not even clear when or whether Bolsonaro will return to Brazil --, Lula must now dedicate time and energy to addressing a problem he had not planed to prioritize in the early days of this term.
Unlike Colombia's Gustavo Petro - who picked a highly visible anti-corruption crusader as Defense Minister - Lula's decision to pick Múcio -- a low-key conciliator- for the job was a sign that he wasn't planning on making civil-military relations a key issue of his presidency.
The attacks of January 8 now change political dynamics in Brazil, possibly for years. It revealed to what extent anti-democratic sentiment has metastasized and is now present among the armed forces, the police, but also the intelligence agency and other parts of bureaucracy.
Successfully reducing putschist elements among Brazil's bureaucracies would be a remarkable achievement, but it is not exactly one that assures high approval ratings. Plus, the increase in support Lula experienced in the aftermath of the 8/1 attacks is unlikely to be permanent.
At the end of the day, voters are likely to judge Lula's record based on the country's economic situation: inflation, growth, inequality and poverty levels; all that still matters much more than anything else. Yet the bandwidth for economic policy is, for now, more limited.
Finally, we cannot fully assess the impact of 8/1 since we don't know what will come next. Yet it is reasonable to believe that political extremism and political violence -- including attacks against refineries and so on -- may be here to stay.
It is worth keeping in mind that the attacks of 6/1 in the US did not reduce political extremism. If anything, the events further deepened polarization and the emergence of conspiracy theories among radicalized US-Americans. It is unclear why the opposite would happen in Brazil.