Ao longo da história, os Estados Unidos recorreram várias vezes ao protecionismo — e quase sempre pagaram um preço alto. Desde o século XIX, tarifas de importação elevadas foram usadas para proteger a indústria nacional, mas seus efeitos colaterais incluíram recessões, crises fiscais e até confrontos políticos internos. Em 1832, por exemplo, a Carolina do Sul ameaçou se separar da União em resposta a tarifas abusivas. Já em 1890, uma nova rodada de aumentos — com tarifas médias de 49% — encareceu bens de consumo e prejudicou exportações agrícolas, levando países como Canadá e Alemanha a retaliar. O resultado: uma crise econômica que contribuiu para a derrota dos republicanos nas urnas.
A pior consequência veio em 1930, com a aprovação do Smoot-Hawley Act. Na tentativa de conter os efeitos da Grande Depressão, os EUA elevaram tarifas para 59%, desencadeando uma guerra comercial global. O comércio internacional despencou, agravando a crise econômica e dificultando a recuperação mundial. Muitos historiadores veem essa política como um dos fatores que contribuíram para o clima de instabilidade que culminou na Segunda Guerra Mundial.
Depois do conflito, veio a virada. Os EUA lideraram a criação do GATT, reduziram tarifas e apostaram no livre comércio como motor do crescimento. Essa estratégia ajudou a impulsionar a prosperidade global nas décadas seguintes.
Agora, quase um século depois do Smoot-Hawley, Donald Trump retoma a retórica protecionista. Ao anunciar novas tarifas generalizadas no que chama de “Dia da Libertação”, ele rompe com o legado pós-guerra que priorizou integração econômica. A história mostra que barreiras comerciais podem ter efeitos profundos — e perigosos. O protecionismo já foi tentado muitas vezes. E, quase sempre, terminou mal.